Por
Brian Abasciano
Aqui estão alguns comentários (agora) editados e
expandidos que eu fiz no fórum privado do SEA [Society of Evangelical
Arminians] sobre o artigo do Dr. Matthew Pinson, “Os
Arminianos São Necessariamente Sinergistas?”[1],
que argumenta que o arminianismo não é realmente sinergista, mas deve ser visto
como expressando um monergismo condicional.
Dr. Pinson quer falar sobre um monergismo
condicional. Posso entender o seu ponto de vista, mas isto me parece uma
distinção um pouco técnica demais. Ele parece definir sinergismo como
envolvendo uma obra meritória ou, no mínimo, Deus e o homem trabalhando juntos
para a salvação. No entanto, me parece bastante razoável usar o termo ação
cooperativa. A fé é certamente uma ação e o meio pelo qual somos salvos por
Deus. Mas a fé em si mesma não é monergista. Não é uma ação realizada somente por
Deus. Também não é uma ação realizada somente pelo homem, pois este precisa do
poder sobrenatural de capacitação de Deus para crer. Mas o homem é o principal agente
no que diz respeito à fé. Deus não crê pelo homem e a fé é um ato humano. Deus
capacita, mas é o homem que efetivamente crê. Entretanto, a fé não faz
realmente parte da salvação em si, pois ela é o meio pelo qual a salvação é
dada/recebida. A salvação é monergista no sentido de que somente Deus a realiza
em resposta à fé do homem. Porém, a fé é sinergista no sentido de que ela envolve
tanto a ação de Deus quanto a ação do homem. Entretanto, ela não é sinergista
no sentido de que as ações do homem são meritórias. Deste modo, me parece que
existe algum tipo de sinergismo envolvido no processo de salvação, sendo que a
fé faz parte do processo de salvação, mesmo que não faça parte da salvação (i.e.,
não é algo que nos é outorgado uma vez que somos salvos). Portanto, concordo
com o Dr. Pinson até certo ponto e creio que o arminianismo pode ser concebido
em termos de um monergismo condicional. Entretanto, se assim for, deve-se
também lembrar que fé é sinergista e que a obra monergista de Deus é
condicionada à ação sinergista da fé.
Deixe-me acrescentar que sou um pouco cético quanto
à abordagem que caracteriza a nossa resposta a Deus como sendo simplesmente
não-resistência. Enquanto que isto soa nobre e parece glorificar a Deus por
aparentemente minimizar o nosso papel e exaltar o papel de Deus, em minha
opinião isto não parece se encaixar com a visão bíblica da fé. A fé bíblica não
é simplesmente não resistir à ação de Deus, mas ativamente confiar nele. A fé
em si não é meritória por várias razões. Citando apenas uma destas razões, ela
não pode ser exercida sem a ajuda (graça) de Deus. Porém não acho que pode ser
caracterizada como mera não-resistência. Poderia, entretanto, se argumentar a
ideia de que ao não resistir à atração de Deus a nossa fé/confiança em Deus aconteceria
a não ser que resistamos. Mas eu não vejo isto na Bíblia. No mínimo, a Bíblia
não menciona especificamente esta ideia. Ela parece favorecer um modelo de
influência e resposta do que um modelo de ação e não-resistência.
Em minha opinião, este tipo de distinção se
distancia das categorias bíblicas e submerge profundamente em considerações
filosóficas. Deixe-me dizer logo que fugir das categorias bíblicas não é
necessariamente uma coisa má. Vivemos em um contexto diferente e frequentemente
trabalhamos com categorias diferentes e não é necessariamente mal tentar
traduzir as verdades bíblicas às nossas categorias. Na realidade,
frequentemente é bom e importante fazê-lo. Também não tenho intenção de denegrir
à filosofia. Ela é serva da teologia, regularmente utilizada e até necessária
para se formular a teologia. Também não há problemas em se discutir questões
puramente filosóficas. O que estou querendo dizer é que me parece que certa
conclusão desejada – minimizar o esforço humano no processo de salvação tanto
quanto possível – está sendo analisada filosoficamente em vez de se levar seriamente
em consideração os dados bíblicos. Talvez possa ser argumentado que o
raciocínio está seguindo a dica da ênfase da Bíblia na atividade de Deus na
nossa salvação e na incapacidade humana desprovida da graça. Para mim isto parece
ser abstrato e geral demais, longe dos detalhes dos dados bíblicos para
justificar uma insistência neste tipo de formulação (resposta humana como
apenas mera não-resistência) no processo de salvação.
No entanto, me parece que muitos arminianos gostam
deste tipo de abordagem. Entendo e vejo qual é sua motivação. Simplesmente não
penso que seja necessário e nem a perspectiva mais correta.
Traduzido por Kenneth Eagleton
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