Capítulo IX
Do Conhecimento da Vontade de Deus Revelado na Nova Aliança.
1. Porém, a
vontade de Deus, compreendida na graciosa Aliança(a), que o
nosso sumo profeta, o Filho Unigênito de Deus, clara e plenamente nos revelou no
seu Evangelho, é aceita em dois pontos principais. Primeiro, as coisas
que Deus da sua parte decretou fazer em nós ou relacionado a nós pelo
seu Filho Jesus Cristo, para que sejamos feitos participantes da salvação
eterna oferecida por ele. Segundo, as coisas que ele quis fazer inteiramente por
nós mediante a sua graça, se realmente quisermos alcançar a salvação
eterna.
(a) Jr 31.30ss; Hb 8; 9.15ss;
10.15ss
2. São
principalmente duas as coisas que Deus decretou fazer da sua parte para
nossa salvação. 1) Decretou para honra do seu Filho amado(a) eleger,
adotar, justificar, selar com o Espírito Santo e também glorificar, para Si
mesmo através dele filhos, todos aqueles e somente aqueles que creem verdadeiramente
em seu nome, ou que obedecem ao seu Evangelho, e perseveram na fé e obediência
até a morte, para salvação e vida eterna. Por outro lado, reprovar(b)
os incrédulos e impenitentes da vida e salvação, e os condenar perpetuamente. 2)
Decretou pelo seu mesmo Filho conferir a todos os que são chamados, embora
miseráveis pecadores, esta graça eficiente pela qual podem realmente crer no
Cristo Salvador, obedecer o seu Evangelho, e serem livres do domínio e culpa do
pecado(c), de fato, por meio dela podem realmente crer,
obedecer e serem livres, a não ser que por uma nova provocação e rebelião
rejeitem a graça oferecida por Deus.
(a) Jo 3.16ss; 6.29-30;
Ef 1.3ss; Rm 8.28-30; 2Tm 1.9ss; Hb 3.6,14
(b) Jo 3.18,36; Mt
25.41ss
(c) Tt 2.11-12; At 3.26, 5.31, 26.16-18; 2Co 5.18-20, 6.1; 2Pe 1.3-4
3. O
primeiro decreto é o decreto da predestinação para a salvação, ou eleição
para a glória, pelo qual se estabelece a verdadeira necessidade e,
simultaneamente, a utilidade da nossa fé e obediência para alcançarmos a
salvação e a glória. Mas estabelecer dogmaticamente outra ordem ao decreto,
principalmente que certas pessoas foram nominalmente e absolutamente eleitas
para a glória, e que todas as outras realmente foram reprovadas para o tormento
eterno é negar a verdadeira natureza deste decreto, inverter a ordem correta,
tirar o mérito de Jesus Cristo, obscurecer a glória da bondade, justiça e
sabedoria divina, e de fato subverter totalmente o verdadeiro poder e eficácia
de todo o Santo Ministério e, portanto, de toda a Religião.
Veja Calvino e os Cânones do Sínodo de
Dort
4. O segundo
decreto é o decreto da vocação para a fé ou eleição para a graça,
pelo qual se estabelece a necessidade e, simultaneamente, a utilidade da graça
divina ou os meios necessários para que da nossa parte seja prestado fé e
obediência a Jesus Cristo, conforme a vontade Deus revelada no seu Evangelho. Porque
verdadeiramente devemos, em primeiro lugar, ter a certeza de qual é Vontade
de Deus, quanto ao que Ele quer que seja prestado por nós (quanto da graça
necessária para que seja prestada essa vontade) e da glória prometida
que será conferida aqueles que realizam a vontade divina. É por isso que
trataremos de todos eles na mesma ordem em que são propostos aqui.
(a) Rm 10.14ss; 2Tm 1.9
Bibliografia:
The Arminian Confession of 1621, tradutor e editor Mark Ellis
(Eugene: Pickwick Publications, 2005), 74-75pp.
Confessio,
sive Declaratio, Sententiae Pastorum, qui in Foederato Belgio Remonstrantes
vocantur, Super praecipuis articulis Religionis Christianae. (Herder-Wiici: Apud Theodorum
Danielis, 1622), 32-33pp.
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