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Teatro Cristão


O teatro tem sua origem no povo grego alguns séculos antes de Cristo, entretanto é notório percebermos a influência do mesmo no Novo Testamento e em nossos dias. Normalmente quando lemos algo secular à respeito de Jesus, seja em livros, revistas ou jornais, podemos ver claramente como Jesus ainda permanece desconhecido em mais de dois mil anos. De fato, a pergunta de Jesus aos seus discípulos ecoa até hoje “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” Mt 16.13b, mas a resposta só Um pode dar (Mt 16.17). O mundo não é capaz de revelar quem é Jesus Cristo, para isso Ele próprio elegeu um povo para tornar-se seu imitador e através da imitação de seu Ser o mundo poderia conhecê-lo (cf. Lc 6.40,47; 14.33; Ef 5.1; 1 Jo 4.7). Porém o Inimigo sempre se levanta para fermentar a massa pura de Jesus, e através dos séculos tem obtido êxito com um fermento chamado “hipocrisia” (Lc 12.1). Mas o que é hipocrisia?

A palavra grega “hupokrisis” significa a atuação de um artista no palco, portanto podemos dizer que “hupokrisis” seria a encenação ou representação de um ator (hupokrites = hipócrita) no palco de um teatro. Vemos que Jesus associa a hipocrisia aos fariseus; mas eram por acaso os fariseus atores de teatro? Claro que não, eles eram judeus que odiavam toda cultura grega pagã. Porém Jesus os associa com atores de teatro pelo fato de ambos fingirem ser algo que jamais foram. E será que nós cristãos também não somos um pouquinho hipócritas? Será que, quando avaliamos a espiritualidade de um cristão pelo seu desempenho exterior, não estaria o nosso julgamento sendo falho? O problema da hipocrisia é que ela corresponde as nossas expectativas daquilo que cremos ser espiritual, mas tudo não passa de mera representação, isto é, um fingimento com o nosso carimbo de aprovação por causa dos nossos sentidos estarem satisfeitos. Vemos que hoje, do mesmo modo que no tempo de Jesus, os religiosos ainda preferem uma boa dose de hipocrisia, que afinal de contas ajuda-os a mostrar toda sua técnica artística de representação, do que a sã espiritualidade introspectiva cristã.

Jesus nos adverte “Repara, pois, que a luz que há em ti não sejam trevas.” Lc 11.35, então vamos analisar o “top 5” das hipocrisias cristãs para que haja luz em nosso entendimento. 1- A prática (Mt 6.2-4) – ela não deve ser para a glorificação pessoal, antes para a glória de Deus, portanto saibamos agir com prudência na casa do Senhor dedicando todo mérito a Ele que “vê em secreto”, a igreja não precisa ficar sabendo de todas as “boas obras” que você realizou durante a semana. 2- A oração (Mt 6.5-8) – ninguém precisa fingir que sabe orar melhor do que o outro, a oração é uma conversa com o Deus Todo-Poderoso que conhece tudo o que necessitamos, portanto não é necessário “gritar” para ser ouvido por Deus e nem orar como se estivesse narrando um rodeio, agora se você quiser ser ouvido por Deus “entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.” 3- O evangelismo (Mt 23.15) – o empenho em evangelizar a cada dia está maior e isso é muito bom pois Deus certamente vê esse esforço e abençoa a sua Igreja, entretanto o empenho em ensinar uma nova vida em Cristo, longe dos antigos costumes mundanos, deixa muito a desejar. As pessoas não precisam apenas ser “convencidas” pela Verdade, mas “convertidas” pela Verdade. 4- O dízimo (Mt 23.23) – tem muita gente dando mais importância àquilo que é temporal e perecível do que àquilo que realmente importa para Deus “... tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a ...;”. 5- A adoração (Mc 7.6-8) – a verdadeira adoração é aquela que é de coração. Então porque competição no louvor? Quem toca melhor? Quem canta melhor? Toda uma boa técnica musical é inútil para Deus se não vier com um coração adorador. De modo semelhante, é inexpressível para Deus uma pessoa que aparentemente o adora “em espírito e em verdade” Jo 4.23 e não vive como ele quer Rm 12.1.

Para a massa não levedar com o “fermento dos fariseus” existe somente uma receita que o apóstolo Paulo de Tarso nos dá e que também tem muito haver com o teatro, a receita é “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo.” 1 Co 11.1. A palavra em grego “mimetes” da onde vem a palavra do português mímico, portanto imitador/seguidor, deve ser o alvo de cada cristão que professa conhecer Jesus Cristo Filho do Deus Altíssimo. Somente seguindo minuciosamente os passos do Mestre, nem que isso signifique servir aos outros como um escravo (Jo 13.14), poderemos reverter um pouquinho da nossa própria hipocrisia antes de pensar na hipocrisia do próximo (Mt 7.3-5). É bom lembrar que, naquela época o teatro era feito com máscaras, uma vez feita a escolha da máscara não se poderia mudar de personagem ou gênero (comédia – tragédia). Escolhemos pois a Cristo e permaneçamos no evangelho que é a boa-notícia que, Deus deu o seu filho amado por pessoas imperfeitas que não mereciam o seu amor Jo 3.16.

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